quinta-feira, setembro 21, 2006

Número Mecanográfico

Parece impossível que nos tratem assim mas é verdade, e não se trata de forma alguma de um atestado de incompetência ou até de uma falta de respeito. Veja-se que é um pouco irreal conhecer toda esta família pelo nome próprio. Sim, compreendo que a esta altura estejam a pensar em que família estarei a falar. Afinal não se trata apenas de um emprego? Apenas de uma loja?
A partir daqui podia perfeitamente dissecar mais uma tese digna de um possível mestrado, quem sabe um doutoramento. Mas não. Não vamos entrar por aí. Apesar de ter uma recente entrada neste pequeno (grande) mundo, tenho já a partida, uma noção totalmente diferente dele desde que cá entrei.
Quem faz parte de um mundo que apenas passa em frente às lojas, maioritariamente sem desejo algum em lá entrar, fica completamente fascinado com o que se depara dentro das mesmas (sentido profissional). Nunca sequer ousei imaginar. Refúgio para algumas. Carreira para outras. Apenas meios para atingir um fim. Empenho e dedicação. Figuras de uma vida que jamais se esquecerão. Sorrisos que transparecem apesar das dificuldades passadas.

Valores do dia. Guias de transferência. Entradas e saída de artigos. Reposição das peças. Cestos para arrumar. Bainhas para fazer. Entregas de trabalhos semanais e mensais. Horários das colaboradoras. Mudanças de loja. Rotação de artigo. Tarefas diárias. Valores mensais. Vendas. Sorrisos. Devoluções (que tanto nos custam). Limpeza. Pedidos de cliente (poucos, senão a Marcela…). Montra. Moda. Reclamações. Básicos. Picagem. Vitrinistas. Grades fechadas com clientes no interior ainda para atender. O chão que está sempre amarelo apesar de ser branco. Reuniões mensais (lamento ter faltado à ultima). Etiquetas para os saldos. Pó. Mesmo muito pó. Pressão dos superiores. O mundo a acontecer dentro de uma loja. A nossa função não era apenas dobrar a roupa?

Sem dúvida uma família. Aprender a viver e a conviver uns com os outros. Nem sempre é fácil. Trabalhar com pessoas (leia-se clientes) com gostos, jeitos, manias, modos, maneiras e opiniões diferentes não é nada fácil. Numero mecanográfico?

Longe… muito longe disso.

segunda-feira, setembro 18, 2006

A Minha Entrada Para o Céu

Cada um escolhe o seu destino. Há quem acredite que este está traçado a partir do dia em que abrimos os olhos pela primeira vez. Como há quem defenda a ideia de que destino é algo totalmente controlado por nós que apenas depende das decisões que tomamos e soluções (fáceis ou menos fáceis) que encontramos para a nossa vida. E depois existem pessoas como eu que não defendem rigorosamente nada sobre o assunto. Isso não me atormenta os pensamentos. Sou mais daquele tipo que está preocupada com a entrada para o céu. É no mínimo chato chegar lá em cima e não poder entrar. Pior. Ter de descer novamente. Por favor. Tudo bem que a descer todos os santos ajudam mas… eu quero mesmo entrar. O que estamos dispostos a fazer para lá entrar? Tudo. Até vender a alma ao diabo! Sim eu sei. É um pouco contraditório. Como se costuma dizer, para atingir objectivos não interessam os meios. Tudo vale e vale tudo.

“A tua chave está perdida, devias tentar encontrá-la. Aprendi a trazer a minha pendurada ao pescoço, onde às vezes também ponho o coração, que tem andado demasiado fora do peito para o que seria recomendável. Sou assim, gosto de acreditar que tudo é possível, que os meus sonhos, se forem bons para mim e o melhor para o mundo se podem realizar”. (MRP)

Porque todos estamos dispostos a qualquer coisa para ser felizes. Porque todos estamos dispostos a entrar no céu. Porque todos acreditamos que existe algures um cantinho, com alguém que nos vai acolher. Mesmo que digam que não, no mais intrínseco do ser sabem que sim. Basta um mínimo percalço e é a isso que se vão agarrar com toda a fé e convicção que até ao momento nem sonhavam poder existir. Não me compreendam mal. Céu é apenas uma definição (pessoal) de um certo mundo, que à partida é perfeito (para mim). O vosso pode ser a lua. O mar. A terra. As árvores. Trata-se apenas de um conceito.
Às muitas tardes de sol no Paço dos Duques. Aos dias e dias a sorrir na Citânia. Aos passeios no parque da cidade. Às muitas noites de conversa no balcão da mui nobre Despensa do Marquês. Aos filmes inacabados. E sobretudo ao armário verde, onde vou guardar uma vida de recordações em livros e fotografias. A ti. És sem dúvida a minha entrada para o céu…

Independentemente de acreditar ou não em destino.

Who are you?

“Decididamente separadas por muitas estradas ruas e ruelas. Sem dúvida que sinto muitas, mas mesmo muitas saudades tuas. As coisas agora adivinham-se mais difíceis e complicadas. Destinos estão a ser traçados. Decisões estão e vão continuar a ser tomadas. Alcatrão, paralelo e betão. Não aceito, nem posso aceitar que a distância nos afaste, não me sinto minimamente afastada de ti. Não é mentira alguma dizer-te que penso em ti todos os dias. Aliás é um facto que pode facilmente ser provado cientificamente. Sei que não falamos todos os dias. Sei que muitas vezes andamos desencontradas entre horários de trabalho, família, problemas e resoluções dos mesmos. Sei que muitas vezes nos vamos sentir sozinhas e apesar de nos lembrarmos uma da outra nesse momento, não nos vamos contactar. Sei que vamos ter aquele abraço forte e sincero, que só os amigos têm, sempre que nos virmos. Sei que sabes que se precisares estou aqui a qualquer hora, minuto ou segundo. E sei, principalmente, que ainda vamos rir muito juntas.”
9 de Setembro de 2006

quinta-feira, setembro 07, 2006

"O tempo não se perde, gasta-se"

Não, não foi por causa da areia da praia e da brisa do mar...
Não, não foram as tardes na piscina nem os mergulhos de madrugada...
Não, não foram as noitadas de verão...
Não, não foi o sol abrasador e a cerveja gelada a descer pela garganta... (se bem que...)

Lamento ter-te abandonado. Textos não me faltam. Continuei a escrevê-los. E dou-tos. São teus.
Lamento